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Atletas indígenas de São Gabriel da Cachoeira brilham no judô do Amazonas

No coração da floresta amazônica, a semente do judô começa a se espalhar e gerar frutos para o esporte olímpico brasileiro. A pequena Sanó Anastácia Marques Tenório, de apenas 11 anos, é um desses exemplos. Oriunda da etnia Tuyuka, a menina dá seus primeiros ippons e wazaris nos tatames dos eventos organizados pela Federação de Judô do Amazonas (Fejama) e o último foi a 1ª edição da Copa Jimenes, realizada entre os dias 15 e 16 de junho, em Manaus.

A judoca morava na Comunidade São Pedro, às margens do Rio Tiquiá, em São Gabriel da Cachoeira (a 852 quilômetros de Manaus). Há três meses, se mudou para a sede do município e descobriu o esporte no Projeto “Judô para Todos”, que é apoiado pela prefeitura da cidade localizada na região do Alto Rio Negro, na fronteira com a Venezuela e a Colômbia.

Sanó morava com os pais e o avô. Na comunidade, a cunhantã não conhecia o esporte e se dedicava apenas aos afazeres domésticos, ajudando a família à sua maneira, conforme a tradição dos povos indígenas da região. Para ela, a vida era simples e boa.

“Eu fazia beiju, farinha, ia para a roça, pegava lenha e fazia caxiri (bebida fermentada feita à base de mandioca). Eu só brincava no rio. Hoje eu gosto de lutar”, contou a menina, de olhos claros e expressivos.

No mapa do esporte
Em São Gabriel da Cachoeira, nove entre dez habitantes são indígenas, sendo este o município com maior predominância de indígenas no Brasil. Em um caso inédito no País, foram reconhecidas, como línguas oficiais no município ao lado do português, três idiomas indígenas, após a aprovação da Lei Municipal 145, de 22 de novembro de 2002: o Nheengatu, o Tukano e o Baniwa, línguas tradicionais faladas pela maioria dos habitantes do município.

A judoca Franciele Gama, 17, reforça sua ligação com a cultura indígena. Ela, que disputou a Copa Jimenes na Classe Sub-18 na categoria – 48 kg, tem descendência das etnias Tukano e Baré, comuns em São Gabriel da Cachoeira. Franciele também já viveu em comunidades mais afastadas da sede, como Cucuí, onde o trabalho na roça moldou a sua personalidade como atleta. Já tem uma história antiga com a modalidade olímpica e iniciou este ano sua participação nos campeonatos oficiais da Fejama.

“Comecei no projeto Forças do Esporte, bem novinha, ainda em 2013. Fui lá, treinei e gostei. Carregar o aturá (cesto) pesado com as mandiocas e a força que usamos para tirar a mandioca do chão, isso tudo a gente leva para o tatame, na hora de projetar uma oponente num combate”, comentou Franciele, que foi medalha de prata em sua categoria na Copa Jimenes.

Resultados
Sanó e os outros membros da delegação de São Gabriel vieram a Manaus acompanhados pelas professoras Margareth Lima e Jéssica Muller, que é a sensei do projeto Judô para Todos. O grupo formado por Sanó Anastácia, Franciele Gama, Kauan Guilherme, Pablo Vinícius e Samuel Gomes voltará para a cidade com cinco medalhas na bagagem. Na primeira competição da Fejama em 2019, a Copa Chagas, Sanó e Samuel já tinham garantido o segundo lugar em suas respectivas categorias na competição que valeu classificação para o Campeonato Brasileiro.

Texto e fotos: Emanuel Mendes Siqueira (92) 99122-3785
Assessoria de Comunicação da Federação de Judô do Amazonas

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