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Dobradinha brasileira no pódio do Mundial de Judô

Depois de um dia espetacular para o Brasil com o bicampeonato mundial de Mayra Aguiar, os pesos pesados brasileiros também brilharam e garantiram uma dobradinha inédita para o país no Campeonato Mundial de Judô, que acontece em Budapeste. David Moura conquistou a prata e Rafael Silva “Baby” foi bronze no +100kg. Foi a primeira vez na história que o judô brasileiro colocou dois atletas da mesma categoria no pódio do Mundial. Com ouro de Mayra e o bronze de Érika Miranda, o país encerrou as disputas individuais em quarto lugar geral, atrás apenas de Japão (1º), França (2º) e Mongólia (3º).

Líder do ranking mundial e, portanto, cabeça-de-chave número um, David estreou já na segunda rodada de sua chave com um juji-gatame (chave de braço) certeiro para finalizar o sérvio Zarko Culum por ippon. Na sequência, o brasileiro derrotou o bielorrusso Aliaksandr Vakhaviak por um waza-ari e chegou às quartas.

Com um uchi-mata fulminante, David pontuou com um waza-ari e superou o mongol Tuvshinbayar Naidan, vice-campeão olímpico em Londres 2012 e campeão em Pequim no meio-pesado (100kg), para chegar à sua segunda semifinal de Mundial. Com um uchi-mata potente, o brasileiro projetou o anfitrião Barna Bor, da Hungria, por ippon e silenciou a torcida da casa para se garantir em sua primeira final, onde encontrou o francês Teddy Riner.

Em luta tática, o placar seguiu inalterado até o segundo minuto do golden score, quando Riner conseguiu projetar David por ippon e conquistar o seu nono título mundial. O vice-campeonato Mundial foi o primeiro pódio do brasileiro em competições deste tipo.

“Com certeza a ficha só vai cair amanhã ou mais tarde. Lógico, estou muito feliz, é um sonho, uma grande medalha. Uma conquista que, estou sem palavras, estou tentando realizar ainda. Eu saí da final com um gostinho de quero mais, pois fiz uma boa luta final, uma excelente competição e o ouro passou muito perto. Vou continuar trabalhando no mesmo caminho que eu estou, que eu acho que é o caminho certo para no próximo mundial buscar o ouro”, avaliou David ao sait do tatame. “Vou estudar a luta depois com a minha equipe e ver onde posso melhorar. Eu acho que eu, realmente, não criei muitas oportunidades para finalizar a luta ou pontuar. E, no finalizinho, eu comecei a cansar, senti que ele também, mas ele manteve a mão mais dura. E para lutar com o Riner eu preciso estar numa aceleração maior do que a dele. Para ganhar dele eu acho que preciso aguentar lutar muito tempo numa intensidade muito alta. Mas, estou muito feliz. Muito mesmo por fazer uma final de Mundial.”

Riner passou também por Rafael Silva nas quartas-de-final, superando o brasileiro por ippon. Antes de duelas com a lenda francesa, Baby havia passado por Ushangi Kokauri, do Azerbaijão, por ippon; Daniel Natea, da Romênia, por um waza-ari; e, nas oitavas, por Faicel Jaballah, da Tunísia, por ippon. Na repescagem, Rafael foi mais agressivo e forçou três punições ao austríaco Daniel Allerstoffer para a avançar a disputa pelo bronze contra Barna Bor.

Na luta que valia medalha, o gigante brasileiro forçou uma punição a Bor, a segunda do húngaro, no golden score e calou o ginásio em Budapeste, que torcia em peso pelo anfitrião na última oportunidade de os húngaros conquistarem uma medalha no Mundial em casa.

“Foi um ótimo dia. Tive boas lutas e o resultado mostra que estamos muito fortes nessa categoria. É um privilégio ter dois pesados no pódio mundial e para mim é muito bom começar o ciclo com o uma medalha em mundial. É difícil se manter num alto nível de rendimento, sempre estando entre os melhores e estou muito feliz de continuar brigando para chegar em 2020 em condições de lutar bem. Foi um Mundial bem atípico, com muitos atletas novos, atletas medalhistas olímpicos que subiram da categoria de 100kg. Para mim é uma honra muito grande conseguir um pódio nesse Mundial”, comemorou Baby. “Na repescagem foi uma luta bem complicada. O austríaco surpreendeu, ganhou de adversários fortíssimos, com volume de luta bem alto. E depois a disputa de medalhas com o adversário da casa, que é um amigo pessoal também. Eu tive a experiência de lutar no Rio com a torcida a favor e aqui totalmente o oposto. Ainda bem que deu tudo certo e eu consegui a medalha.”

Essa foi a terceira vez que Rafael Silva subiu ao pódio do Campeoanto Mundial. Ele agora tem uma prata (Rio 2013) e dois bronzes (Chelyabinsk 2014 e Budapeste 2017).

Texto e fotos: CBJ

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