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Prefeitura de Manaus fecha portas para supercampeão de jiu-jítsu

Na terra da luta, o reconhecimento do Poder Público aos verdadeiros heróis do esporte é quase nulo. Até mesmo os supercampeões não recebem o atendimento que merecem. Na tarde desta quinta-feira, 5 de outubro, começou a viralizar na rede social Facebook a denúncia de que a Prefeitura de Manaus fechou as portas para o atendimento de uma demanda do renomadíssimo faixa preta Alex Taveira, paratleta amazonense consagrado no mundo graças ao seu talento na “arte suave”.

“Terceira vez em uma semana que chego na prefeitura de manaus e nao passo da portaria, porque sera? A mesma história irei entrar em contato com vc isso ja estou acostumado ouvir desde os 14 anos de idade hj tenho 31 anos ja, desde a primeira viagem q fiz como atleta nada mudou, mas nao e isso que vai me desmotivar nao vida q segue Oss”, publicou o paratleta, que foi campeão mundial na categoria e no absoluto este ano em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes.



Chá da cadeira…
Alex Taveira, para quem não sabe, é uma lenda da viva dos tatames do Amazonas, do Brasil e do mundo. Paratleta, ele compete com os chamados “normais” e mesmo assim honra o nome do Estado nas competições nacionais e internacionais. Sobram medalhas, títulos e troféus no currículo.

Bater na porta de secretários municipais e estaduais é rotina na vida de atletas, paratletas, federações, ligas e entidades de administração do desporto no Estado. Prefeitos e governadores só dão atenção quando surge um campeão com grande apelo de mídia, o que pode render dividendos políticos.

O tratamento quase sempre é condicionado ao apoio a projetos de candidatura. O esporte, o mérito ou a realidade social dos demandantes raramente são levados em consideração pelos “donos da caneta e do poder”.

O paratleta corre atrás de apoio da Prefeitura de Manaus para viajar para a disputa do Grand Slam que acontece em novembro, no Rio de Janeiro. É uma das etapas antes do Mundial Profissional que reunirá apenas lutadores com algum tipo de deficiência física em 2018.

“Fui lá porque temos vários deficientes aqui em Manaus praticando a modalidade e nem todos têm condições de lutar como eu luto, de igual para igual nas categorias convencionais. Estamos a um mês do evento e quanto mais perto será mais difícil para nós, sendo que tem deficientes visuais no grupo e isso torna mais complicado sair e ir atrás de patrocínio. Atravesso a cidade para ir lá e nem ser atendido”, explicou Alex Taveira.

Histórico de superação
Alex Taveira nasceu com uma deficiência congênita. A perna direita encurtada nunca foi problem, pois bate no peito e diz que sempre lutei de igual para igual com qualquer adversário. “Adaptei meu jogo à minha deficiência e sempre dei o melhor de mim para representar o nome da minha cidade e do meu Estado lá fora”, comenta.
A história de Alex Taveira no esporte começou aos 11 anos. Morador do Alvorada, Zona Centro-Oeste de Manaus, ele jogava bola e se destacava nas peladas nas ruas.

“Foi aí que o Márcio Pontes (primeiro treinador de José Aldo, ex-campeão dos penas do UFC) me chamou para treinar jiu-jítsu. Gostei e nunca mais larguei a luta”, conta.

Além da “arte suave”, Alex se aventurou no paradesporto, representando o Amazonas em competições nacionais de atletismo, halterofilismo e ciclismo.

“Foi uma experiência interessante, até porque na época eu buscava modalidades que credenciassem ao Bolsa-Atleta. Mas o jiu-jítsu sempre foi a minha paixão, meu esporte favorito e hoje eu me dedico exclusivamente aos treinos e aos campeonatos”, ressalta.

Texto: Emanuel Mendes Siqueira
Fotos: Divulgação

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