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Após comentário infeliz, Cielo ‘arrega’ para amazonenses

Um dia após a explosão nas redes sociais da entrevista concedida à revista Veja em ironizou a escolha de Manaus como beneficiária da piscina olímpica usada nos Jogos RIO 2016, o nadador Cesar Cielo enviou uma nota para esclarecer o “equívoco”.

Desde domingo, 7, o maior nadador brasileiro de todos os tempos foi alvejado nos grupos especializados em natação no Amazonas e até mesmo em outros Estados do País, pois a crítica ao envio da piscina olímpica para Manaus soou como preconceito. O paulista enviou uma nota à Secretaria de Estado da Juventude, Esporte e Lazer (Sejel) e também pediu desculpas à Federação Amazonense de Desportos Aquáticos (Fada).

Leia a nota à Sejel:

Venho por meio desta carta responder o e-mail enviado sobre a entrevista publicada na Veja, mais especificamente sobre a piscina olímpica doada.

Gostaria de deixar claro que não fiz nenhuma crítica à cidade de Manaus, ao Estado do Amazonas e muito menos aos atletas e pessoas que vivem no Norte do nosso País.

Acredito em respeito e acredito que todos nós brasileiros somos merecedores das estruturas olímpicas, pois elas foram pagas com os nossos impostos, que pagamos com tanto esforço.

Critiquei a forma de como o Governo cuidou e cuida do legado olímpico, como um todo. Estruturas abandonadas e malcuidadas.

Critiquei também a forma de como as coisas são conduzidas no nosso País, quase sempre motivadas por interesses pessoais e políticos.
Fico muito triste em saber que a interpretação e repercussão foram negativas.

Em 2008 tive o prazer de inaugurar o Centro Olímpico de Manaus e vi uma arquibancada cheia de crianças, pais e mães que gostam da natação.

O meu maior objetivo é promover o meu esporte, nunca machucá-lo.

Quero ver mais brasileiros se tornando campeões mundiais. Eu tive a oportunidade de alcançar o meu sonho, agora é minha hora de retribuir.

Respondendo o convite: será um prazer poder participar da inauguração da piscina olímpica e do parque olímpico!
Aguardo o contato de vocês para podermos fazer isso acontecer!
Finalizando, aproveito para autorizá-los a publicar esta carta na íntegra.

Atenciosamente,
Cesar Cielo

Nota para o presidente da Fada, Vitor Hugo Façanha “Botinho”:

Essa matéria da Veja colocou informações erradas e de forma polêmica e eu não gostaria que você e o pessoal da natação aí do Amazonas pensassem coisa errada.
Estive aí em 2008 para inaugurar o Centro Olímpico de Manaus e sei o quanto é importante o incentivo ao esporte.

Cesar Cielo

Confira o trecho da entrevista que fala sobre Manaus:

Veja – É desolador ver a piscina do Parque Olímpico da Barra, onde você confirmou sua desclassificação para os Jogos do Rio, ter sido desmontada sem que um brasileiro sequer tenha dado um mergulho após o evento?

Cielo – É muito frustrante. Quero levar uma das piscinas que foram usadas nos Jogos para Santa Bárbara d’Oeste e usá-la no meu projeto social. Neste momento, estou escalando a montanha de burocracia que envolve o poder público. Até cheguei à pessoa que tem a caneta na mão, mas ouvi: “Não dá para ceder a piscina, é um legado da cidade”. Muito bem. O legado está guardado em caixas. Resumindo, é muito, muito frustrante. Morei durante sete anos nos Estados Unidos, e lá tudo é muito mais prático. Os americanos pensam assim: “Temos uma piscina ociosa aqui, para onde devemos mandá-la?”. Aqui, uma dessas piscinas da Olimpíada foi para Manaus, para preencher um buraco que estava esperando por uma estrutura desde 2008. Será que eles precisavam realmente de um equipamento tão sofisticado? Com todo o respeito, é o mesmo que usar uma Ferrari num campeonato de rali.

 

Texto: Emanuel Mendes Siqueira com notas para Sejel e Fada
Fotos: Reuters e Sátiro Sodré/CBDA

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