Uma treta política foi passada a limpo dentro de um “cage”. O município Borba, distante 215 quilômetros de Manaus, viveu um evento, talvez, sem precedentes na história do esporte mundial. O prefeito da cidade, Simão Peixoto (PP), enfrentou um oponente político, Erineu “Mirico” Alves, na luta principal da 12ª edição da organização chamada de Leonardo Almeida. O combate dos “estreantes” aconteceu na madrugada de sábado (11/12) para domingo (12/12), na quadra poliesportiva da Escola GM3.
O desafio surgiu quando Mirico, ex-candidato a vereador de Borba (192 votos no pleito de 2020 pelo partido Podemos), criticou a administração do prefeito Simão Peixoto, reeleito com 5.499 votos em 2020 para seu segundo mandato, sobre o abandono do balneário do Lira – o mais famoso da sede do município. O mandatário não gostou da crítica, e a guerra verbal entre os adversários se espalhou nos grupos de aplicativos de mensagens e nas redes sociais, até ambos toparem um duelo como nos tempos de antigamente. À base da porradaria.
O evento Leonardo Almeida 12, que teve outros 13 combates no card, ganhou notoriedade rapidamente com o anúncio da luta principal entre os desafetos do campo das ideias. O palanque deu lugar ao “sistema bruto”. E a casa ficou lotada de “militantes”.
Batalha – Num confronto de três rounds de três minutos, Mirico começou dominante com uma sequência de low kicks, os chutes baixos que consagraram o ex-campeão mundial dos penas do UFC, o amazonense José Aldo Júnior. O prefeito sentiu a pressão, foi à lona, mas resistiu bravamente. Mesmo sem muita técnica, desferiu golpes contundentes no adversário. Knock downs. O povo delirava no ginásio. O primeiro round foi favorável ao ex-candidato a vereador.
No segundo assalto da peleja, o gás passou longe dos postulantes a lutadores. Faltou fôlego e pressão para Mirico definir a vitória. Bom para o mandatário, que conseguiu equilibrar o combate, acertando novamente algumas sequências de golpes, mesmo desconexas. Na contagem fria do round por round, empate por 1 a 1.
Nos últimos três minutos da luta, a polêmica. Houve uma mistura de cansaço, trocação franca e gritaria. O resultado foi, para muitos, inesperado. Entretanto, nada que o próprio mundo do MMA não tenha visto em outras organizações. Por decisão dividida ( 2 a 1), Simão Peixoto teve a mão levantada pelo árbitro central Raul Moura após a contagem dos pontos pelos juízes laterais Thiago Silva, Marcos Souza e David Rock. O prefeito saiu como campeão.
Fair Play – Curiosamente, os inimigos da política se comportaram como atletas profissionais no final do combate. Houve “fair play” e a declaração de que a curiosa luta de MMA teve o objetivo de arrecadar alimentos não perecíveis e incentivar a juventude a praticar o esporte. Ficou também o compromisso de que a pendenga acabaria ali, sem continuidade das provocações.
Beneficente – Chancelado pela Federação Naksu de MMA do Amazonas e com apoio da Prefeitura Municipal de Borba, o evento teve caráter solidário, sem cobranças de ingressos. A entrada foi mediante a doação de itens da cesta básica, com a arrecadação de quatro toneladas de alimentos, inclusive de frango. Segundo a prefeitura, também foi montada uma tenda para vacinação contra a Covid-19, contabilizando 3 mil atendimentos.
Texto: Emanuel Mendes Siqueira
Agência Emanuel Sports & Marketing – especializada na cobertura de eventos de MMA na Região Norte do Brasil
Fotos: Prefeitura de Borba, Miguel Almeida e Divulgação