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Alison dos Santos: dor, esperança e superação transformadas em bronze

Na final olímpica dos 400m com barreiras mais rápida da história, o Brasil colocou um representante entre os melhores do mundo. Alison dos Santos, o Piu, cumpriu a distância em 46s72 e assegurou a medalha de bronze no Estádio Olímpico de Tóquio. Com a marca que cravou na pista japonesa, o brasileiro teria sido campeão em todos os Jogos Olímpicos já realizados.

 

 Aos 21 anos, natural de São Joaquim da Barra (SP), Piu chegou ao Japão como uma das principais promessas de medalha do atletismo nacional após uma temporada de evolução constante, em que quebrou cinco vezes o recorde sul-americano, inclusive na semifinal dos Jogos Olímpicos (47s31). E repetiu o feito nesta terça-feira. 

 

Alison largou na raia 7, ao lado do norueguês Karsten Warholm, que ditou o ritmo da prova e quebrou seu próprio recorde mundial, com 45s94. O americano Rai Benjamin ficou com a prata, com 46s17.

 

“Foi uma prova louca, uma prova muito forte, uma prova histórica onde fizeram o que achavam que era impossível, quebrar a barreira dos 46s. Três atletas correram abaixo de 47s, a prova mais rápida da história, e eu fico muito feliz de estar fazendo parte disso. É a segunda vez que tenho essa sensação. Em uma etapa da Diamond League, ele quebrou o recorde mundial, e eu literalmente vi o recorde ser quebrado na minha frente. Hoje eu estava aqui. Poder assistir e fazer parte disso é incrível. Quando você está correndo não tem noção do tempo que vai fazer, mas eu sabia que a prova estava muito forte e que eu estava brigando para fazer um bom tempo, correr rápido, fazer história, quando eu olhei o telão e vi o resultado, eu sabia que tinha feito minha melhor marca, fiquei muito feliz por isso”, afirmou o corredor,, que foi cumprimentado pelo ex-corredor Félix Sanchéz, bicampeão olímpico e uma lenda dessa prova.

 

Piu foi um dos muitos inúmeros atletas nacionais afetados pela pandemia. Ele ficou mais de um ano sem competir e teve COVID-19. Mas em 2021, conseguiu retomar a evolução que vinha mostrando desde 2019 e que culminou com o resultado em Tóquio.

 

“A gente quer mais, evoluir cada vez mais. O que eles fizeram, o que a gente fez hoje é mérito e com trabalho a gente consegue evoluir, chegar perto do recorde mundial e quem sabe um dia se tornar um recordista mundial”, disse.

 

À noite, o brasileiro voltou ao Estádio Olímpico para receber sua medalha depois passar na Vila Olímpica, onde não teve tempo de descansar, já que os outros atletas queriam falar com ele e ouvir sobre a medalha.

 

“Agora sou medalhista olímpico. Agora inicia outra etapa da nossa vida. Agora a gente vai ser visto de outra maneira. Essa medalha vai dar capacidade de inspirar outras pessoas para que elas saibam que podem também chegar aqui. Tenho muita gratidão por tudo que aconteceu na minha vida, pela fé que eu tenho, pelas pessoas que eu tenho na minha vida. Entrando para receber a medalha, eu pensei nas pessoas que estavam comigo, que diretamente ou indiretamente participaram dessa medalha e fico muito contente porque saí de casa com uma missão e voltei com ela cumprida”, disse.

 

As últimas medalhas do atletismo de pista do Brasil haviam sido conquistadas pelas equipes de revezamento 4x100m livre feminina e masculina, que terminaram em quarto lugar em Pequim-2008, mas receberam o bronze anos depois por conta do escândalo de doping da Rússia.
 
 
Conteúdo: COB
Fotos: Wagner Carmo  (destaque) e Gaspar Nóbrega (miolo)

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